quarta-feira, 3 de maio de 2017

Quando percebemos que estamos no caminho certo...


Hoje quero contar-vos um momento caricato que me fez sorrir, num dia simples.

Como sabem, a aventura Lura começou há pouco mais de 3 anos e quando tudo começou, é claro que tive dúvidas, tive o apoio de muita gente à minha volta, mas também tive aqueles amigos que tiveram medo ( “e se corre mal? vais mudar completamente a tua vida, deixar a pouca estabilidade que tens, para começar uma coisa nova e diferente?”, “a ideia é gira, mas será que tens mercado para isso?”, “será que vais ter clientes?”, “se queres ir para o Algarve, porque não fazes qualquer coisa relacionada com turismo?”), foi preciso uma boa dose de coragem, convicção e confiança para embarcar neste projeto. Sem esquecer, é claro, o apoio financeiro fundamental de quem ajudou na fase inicial.

Têm sido 3 anos, de crescimento, aprendizagens, momentos menos bons, muitas contas de sumir, mas também de muito sentido prático, organização e definição constante de novas prioridades, desafios e rumos. Sempre mantendo os princípios, valores e bases iniciais: somos uma quinta pedagógica, queremos fazer educação ambiental, promover a sustentabilidade, oferecer visitas personalizadas realmente pedagógicas, divulgar saberes, cultura e tradições.

Felizmente, já nos é possível verificar um crescimento sustentável do negócio, as contas de sumir vão diminuindo e começamos a ver a luz ao fundo do túnel que nos permite de uma forma racional compreender que estamos no caminho certo. O que é realmente muito BOM!

Mas o que vos quero contar, é aquilo que me fez, não entender isso, mas sim senti-lo.

Num fim-de-semana de férias qualquer, os meus irmãos (de Lisboa), estavam por Faro e convidaram-me para um almoço rápido na baixa, para podermos estar um pouco juntos com as crianças. E entre visita e festas, lá fui ter com os manos, cunhada, sobrinhos e avó, todos comer uma coisa rápida na baixa de Faro. E aí, no meio do perguntar por todos, brincar com as crianças da família e comer uma refeição em boa companhia, de repente, do nada, ao sair da casa de banho eu oiço “és a senhora que me pintou a cara!”, olho em frente e vejo a correr para mim, uma menina cheia de felicidade, devia ter 5 ou 6 anos e contou-me que se lembrava de mim, com “totós”, numa festa de aniversário “naquele sítio do campo, dos coelhos e dos burros” e que lhe tinha pintado uma borboleta bonita na cara, a mãe apareceu também, meio encavacada, dizendo que não sabia de que festa a menina falava, mas quando disse que trabalho na Lura, reconheceu o nome e até se lembrou de mim (fora do ambiente e com roupas bem diferentes, nem sempre é fácil fazer a associação).

Aquela menina, reconheceu-me, quis mostrar que tinha gostado de mim, e, numa frase, num momento e num sorriso, fez-me sentir que o meu trabalho dá frutos, que me reconhecem como algo bom que passou na vida delas.
E se esta menina se lembrou de uma borboleta pintada com carinho numa festa de aniversário, há outros meninos e meninas que se lembram de uma flor diferente que comeram na minha horta, do coelhinho que queria saltar, do burro que veio ter com eles...
Esta menina foi particularmente efusiva e carinhosa, mas quando o meu irmão me perguntou quem é, dei por mim a responder muito naturalmente, “mais uma menina que me reconhece porque já foi lá à Lura” (imaginem o sorriso orgulhoso de orelha a orelha).
Muitas crianças são mais subtis e por vezes apenas oiço o dizer à mãe ou ao pai, “olha aquela é a professora da Lura, que fomos com a escola”....

Por isso, bem mais importante que qualquer retorno financeiro, é ser reconhecida, na rua, na minha cidade, por algo bom, por algo que faço com gosto, porque marquei um pequeno ser positivamente e perceber que o facto de fazer o que gosto e de me dedicar de alma e coração a cada visita, a cada criança, a cada família, a cada momento, faz toda a diferença!

E o mais giro é que sei que não sou a única a sentir isto... ;-)