quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Tempo de qualidade com os filhos!



No final de umas férias de carnaval, venho falar do tempo com os meus filhos e de como venho descobrindo e redescobrindo com eles, a importância do tempo de qualidade em família e individualmente com cada um deles.

Pouco tempo depois de ser mãe do meu primeiro filho, cruzei-me com um livro do Psicólogo Quintino Aires, que li e recomendo, “15 minutos com o seu filho”, confesso que quando o comecei a ler pensei “os psicólogos são todos loucos, eu passo muito mais que 15 minutos por dia com o meu filho, 15 minutos por dia! É louco, uma criança precisa de muito mais!”, mas lendo mais um pouco e valorizando melhor as suas palavras compreendi que isto do tempo com as crianças tem muito mais que se lhe diga.

Sim, até passamos muito tempo com os nossos filhos principalmente aos fins-de-semana, mas será que estamos realmente com eles? É que a questão não é o tempo em si, não são os 15 minutos por dia ou por semana, não é estar fisicamente com eles, ou partilhar a mesma divisão da casa, falando com o filhote entre outras coisas, a questão é transformar algum tempo, num tempo mágico, em tempo de qualidade e de partilha.

O que são 15 minutos mágicos?

São um tempo (não necessariamente 15 minutos, até porque também não é bom estar a olhar para o relógio) em que chego ao pé do meu filho, sento-me ao lado dele e digo, “já fiz o que tinha a fazer, agora posso brincar contigo o que vamos fazer?”, confesso que nem sempre é possível, isto não acontece todos os dias, porque é um tempo exclusivo, em que o telefone não toca (de preferência fica esquecido noutra divisão da casa, ou no silêncio), em que não vou ver como está o jantar, nem dar um “jeito rápido à roupa enquanto acabas isso”, nem nada, é o tempo de fazer o que ele quer, agora já estamos na fase em que se escolhe um jogo e se joga a dois (entrando mesmo na brincadeira e vibrando com as vitórias e derrotas, como se também fosse uma criança, é tão bom!), mas houve uma altura em que apenas ouvia histórias, ou recebia cócegas (e fazia também), ou até simplesmente ficava sentada no sofá a dar um colo porque era o que lhe apetecia.

Como se torna possível?

Como disse antes nem sempre é possível, e quando se tem o trabalho, dois filhos, a casa e alguma vida social, torna-se complicado arranjar sempre este tempo mágico para cada um dos filhos. Por isso, cá em casa o mote é organização, uma boa organização em família ajuda a ganhar tempo, ajuda a que tudo seja mais fácil e rápido, inicialmente não foi fácil e ainda há dias em que chego ao final do dia completamente exausta, mas com a prática e com a explicação de que há um tempo para tudo (muitas vezes e com muita calma), o meu mais velho já começa a respeitar melhor o tempo de trabalho dos pais, porque sabe que vai existir o tempo para ele, inclusive aprendeu que se ajudar nas tarefas de casa, estas fazem-se mais rápido e assim o tempo com ele será maior e mais despreocupado ainda. Cá em casa, o mais velho (agora com 6 anos) ajuda a pôr a mesa, tem o seu avental ao lado do meu, porque é cada vez mais frequente ajudar a fazer o jantar, ajuda a estender a roupa e agora até já aceita ajudar a arrumar o que a irmã (que tem um ano) desarrumou!

Tempo em família é diferente do tempo mágico!

Além do tempo que procuro dedicar a cada um dos filhos individualmente (eu o pai, sim, que por vezes sou eu que tenho mais trabalho e é o pai que oferece os momentos mágicos), existe também o tempo da família, tempo em que nos obrigamos a estar todos (neste caso os quatro) juntos, aqui também sem telefones nem interrupções, este é um tempo diferente, em que temos de respeitar o espaço de cada um e fazer algo que agrade a todos, normalmente acontece ao fim-de-semana e é quando aproveitamos para fazer algo diferente e fora da rotina, ou ver um filme todos juntos (nem sempre todos vêm tudo, pois a mais pequena não fica tanto tempo sossegada), ou passear, ou jogar um jogo de família, ou ir à praia ou a um parque infantil, ou uma atividade cultural (quando há concertos infantis em que possamos levar os dois, tentamos ir todos juntos),etc.

É sempre tudo tão bonito e os resultados são claros?

Não! Tudo o que escrevi antes é muito bonito e quando funciona é muito bom, mas não tenho pretensões, os meus filhos não são perfeitos e nós não somos pais perfeitos, nem sempre é possível por questão de tempo, de organização mental ou mesmo por disponibilidade psicológica, proporcionar estes momentos mágicos com a regularidade que gostaríamos.
Por vezes o dia passa tão rápido e as atividades são tantas que entre trabalhos de casa, fazer o jantar, comer, tomar banho, lavar os dentes, etc. não há tempo para mais nada e vai-se para a cama com a sensação que não houve tempo para nada, e ouve-se “eu nem vi bonecos, nem estiveste comigo...”. Outras vezes, até houve o tempo mágico até parece que está tudo ótimo e mesmo assim, surge uma birra ou um comportamento errado que nos soa a chamada de atenção e damos por nós a pensar, “mas o que é que raio está a correr mal, damos tanto e recebemos isto?”.
Mas felizmente, com o passar dos anos, vamos melhorando a qualidade dos nossos tempos, vamos explicando mais e melhor, vamos dando mais com muito menos sentimento de que estamos a dar, torna-se natural e óbvio e o que é facto é que enquanto família, cada vez funcionamos melhor e nós pais também sentimos que ganhamos.
Os momentos mágicos dos nossos filhos, muitas vezes, mas mesmo muitas, também são mágicos para nós!

Deixo aqui também o vídeo que me inspirou a escrever esta mensagem.


Bons momentos, para todos!