Tudo começa com um
filme inspirador, proposta do cineclube de faro e visto em boa
companhia - “Demain”, de Cyril Dion e Mélanie Laurent, que
recomendo vivamente.
No final do filme,
um dos meus comentários foi: “Eh pá, até fiquei com vontade de
ir comprar bicicletas para mim e para o meu companheiro”, e vai daí
que uma tia cinco estrelas ao ouvir isto se saiu com: “tenho lá
duas bicicletas paradas, não seja por isso, podes ir buscá-las que
eu ofereço”.
Já imaginam o
resto...
Fomos buscar as
bicicletas. Ficámos maravilhados com o que encontrámos, são
espetaculares e estão ótimas, umas afinações, primeiros testes e
surge o desafio óbvio para 2017:
Poupar uma viagem de
carro por dia!
Pois é, atualmente
a rotina familiar cá por casa passa por ir de manhã a Faro e
voltar, apenas para deixar os miúdos nas respetivas escolas.
Portanto, o objetivo é esta viagem de ida e volta passar a ser feita
de bicicleta.
Não somos
totalmente loucos!
Queremos começar
com um pequeno passo, que já implicará bastante esforço e
dedicação.
O meu mais velho,
terá o desafio de ir a pedalar para a escola (para ele será um
percurso de cerca 20 minutos) e para isso, terá de passar por várias
fases de adaptação, aprender a andar sem rodinhas (já está mesmo
quase!) e começar a fazer percursos cada vez maiores, aprendendo as
regras de segurança e de circulação na estrada. Sempre com a mãe
ou o pai a acompanhar (autonomia sim, mas em segurança).
A mais pequena irá
para escola numa daquelas cadeirinhas que se instalam na bicicleta do
adulto, portanto aí o desafio é para nós, temos de ser capazes de
ir a Faro e voltar em tempo útil e sem desfalecer pelo caminho...
Não vamos
substituir completamente o carro. Ao fim do dia, as rotinas são mais
complicadas e com horários apertados, por isso a bicicleta do mais
velho voltará para casa de carro.
Já começámos os
treinos:
O primeiro a
aventurar-se foi o meu companheiro, foi numa destas tardes para Faro
de bicicleta, fez o que tinha a fazer por lá durante cerca de uma
hora e meia e voltou também pedalando. Ah, grande homem, aguentou-se
heroicamente! No dia seguinte doíam algumas partes do corpo que não
quero aqui explorar, mas a prova foi superada.
Ontem fui eu que
encarei de frente o meu primeiro ciclo-desafio:
Depois de ver a
aventura dele, resolvi ser mais comedida, propus-me apenas sair de
casa e chegar à aula de Yoga em 40 minutos. E consegui!
No final da aula,
estava efetivamente fora de questão voltar para casa de bicicleta.
Assim, deixei a bicicleta na casa da mãe e tenciono fazer a viagem
de regresso a pedalar, amanhã de manhã.
Foi uma experiência
linda!
Voltar a andar de
bicicleta é para mim muito importante, é um regresso à infância e
a coisas muito boas vividas na companhia do meu pai. Mesmo sem pensar
nisso a primeira coisa que fiz quando comecei a organizar as coisas
para sair foi ir buscar duas tangerinas ao frigorífico, e quando
comecei a pedalar e a descascar as ditas tangerinas, automaticamente
vieram à memória os passeios nas estradas de terra batida com o meu
pai, onde se parava para apanhar e comer uma laranjinha da árvore do
vizinho (outros tempos, agora os laranjais estão quase todos
vedados). E curtindo estas boas memórias, lá fui comendo a minha
tangerina e pedalando a caminho de Faro.
Rapidamente começam
as sensações diferentes do habitual, o inicial frio gélido na cara
(afinal estamos no inverno), o esforço físico, a estrada que de
carro até parece plana, mas afinal “bolas, que isto é a subir”,
mas também uma visão e perspetiva bem diferente da paisagem.
De bicicleta há
tempo para olhar e ver!
Num percurso de 40
minutos, voltei a relembrar e sentir alguns dos cheiros
característicos do campo nesta altura do ano, vi com outros olhos e
outra calma zonas de pomar e terrenos baldios, pequenas flores na
beira da estrada, reparei na quantidade de plantas comestíveis que
crescem por aí espontaneamente (Acelgas então, conhecendo era mesmo
só ter disponibilidade para ir apanhar...), e já com mais de meio
caminho percorrido, na entrada de Faro, a paisagem é Linda!
Tenho que subir um
viaduto, e custa, se custa...
Aqui as pernas
vacilaram e as mudanças foram fundamentais, mas quando se chega ao
topo, olhando em frente, a vista sobre a ria é qualquer coisa de
fenomenal, o Farol ao fundo, o sapal e as salinas, é tão bonito! E
quando tudo isto já fez valer a pena subir, começa a descida.
Descer é maravilhoso, volta o frio na cara, mas a sensação de
liberdade, de conquista e superação (eh, eh, consegui subir, agora
posso descer...) são maravilhosas.
Portanto, o desafio
da bicicleta, será encarado de frente, com um sorriso feliz e muita
motivação!
Afinal só temos a
ganhar:
- poupamos em
gasolina,
- poupamos o
ambiente,
- passamos a
praticar exercício físico regularmente,
- aproveitamos
melhor a natureza que nos rodeia,
- etc.
E posto isto,
considerando que este desafio também é para mim um regresso à
infância, e que ouço muita música infantil no meu dia-a-dia, aqui
fica a música que me veio à cabeça quando comecei a escrever este
post: