terça-feira, 21 de novembro de 2017

Já somos uma Quinta Inclusiva...


Quem está mais próximo de mim e de todo o projeto Lura, sabe que desde o inicio que um dos objetivos é que esta se torne uma Quinta Inclusiva.

Que a Lura, seja realmente uma lura para todos e aqui uso a palavra lura no seu sentido mais literal, lura como ponto de abrigo, como local seguro, onde nos sentimos bem e sabemos que somos bem-vindos. É essencialmente isso que queremos, que todos se sintam bem vindos, e que descubram aqui, em qualquer uma das nossas valências um ponto de apoio, de segurança e de crescimento pessoal.

É neste âmbito que surgem as visitas sénior, as visitas família e agora a Asinoterapia e a parceria com a APATRIS 21, no sentido que colaborar/facilitar a integração social e profissional de seres humanos excecionais.

E o que é isto da Asinoterapia?

Simples, é terapia com Burros.

Muitos me perguntam:

- “Usas os burros para ajudar pessoas?”

Não, não é bem isso, eu não uso os burros. Eu trabalho com eles e eles trabalham comigo de modo a juntos podermos ajudar os nossos pacientes.
Trabalhamos em conjunto para que os nossos pacientes possam sentir-se seguros e, num ambiente de harmonia, calma e amor, possam aprender a reconhecer emoções, desbloquear sentimentos ou medos, ganhar ou aumentar a auto-estima e auto-confiança, desenvolver e acreditar em todas as suas capacidades.

Outra pergunta frequente porque tenho dois Burros:

- “Como escolhes com que burro vais trabalhar?”

Não sou eu que escolho, o burro e o paciente escolhem-se mutuamente.
Muitas vezes é instantâneo, o paciente apaixona-se por um deles, outras vezes demora algumas sessões em que vamos conhecendo os dois, até que numa sessão a escolha acontece naturalmente. E, se não acontecer, é porque não é para acontecer e teremos sempre os dois presentes, será isso que o paciente precisa...

- E os animais não se cansam? Não sofrem com a exposição aos problemas e dificuldades dos paciente?

Como devem calcular o bem estar dos animais desta quinta é uma prioridade para nós!
Elaborámos e vamos melhorando constantemente um guia de boas práticas com os Burros e de cuidados com todos os animais exatamente com o objetivo de garantir o bem-estar de todos os utentes e membros desta Quinta.

Quanto aos Burros doutores, as sessões de terapia têm um limite de tempo bem definido e depois de cada sessão há sempre uma “compensação”: a possibilidade de pastar ao ar livre, ou enriquecimento ambiental no seu espaço, ou simplesmente um miminho culinário...

- E quando os Burros se assustam, não dão coices? São animais muito grandes, não há o risco de pisarem ou magoarem o paciente?

Amigos, riscos há sempre, mesmo quando vamos ao psicólogo podemos sair da consulta magoados.
Mas como devem calcular, não estamos a brincar, tal como existe um guia de boas práticas para o bem estar dos animais, também existe um conjunto de regras básicas de segurança para garantir que todas as terapias ocorrem da melhor forma possível.

Agora que já respondi a maior parte das questões que é natural que surjam, não posso deixar de vos falar daquilo que mais me faz gostar e acreditar neste trabalho conjunto com os Burros – a capacidade que estes seres lindos têm de se ligar, entregar e ajudar o próximo.

A coisa que mais gozo me dá neste trabalho é ver a ligação afetiva que naturalmente se gera entre Burro e Paciente (nem falo na relação afetiva que eu tenho com eles, que isso dava para livro completo) – este vinculo animal-pessoa é o elemento chave de todo o processo terapêutico e é mesmo o mais bonito!

O Burro não julga, não responde, não mal trata, apenas reconhece quem o trata bem, gosta e cuida.

Tudo o que o Burro recebe vai querer retribuir e essa retribuição acontece das formas mais inesperadas, para vos dar um exemplo simples, trabalhando com uma criança pequena, um dia ao sentir que a criança tinha dificuldade em alcançar o topo do pescoço para apertar o cabresto, o burro simplesmente baixou a cabeça e permitiu que a criança fizesse tudo numa altura confortável, digam lá, é bonito ou não é?





Temos orgulho no que fazemos e fazemo-lo com gosto.
Por isso somos felizes e isso transmite-se a cada um dos nossos visitantes.