Quem
está mais próximo de mim e de todo o projeto Lura, sabe que desde o
inicio que um dos objetivos é que esta se torne uma Quinta
Inclusiva.
Que
a Lura, seja realmente uma lura para todos e aqui uso a palavra lura
no seu sentido mais literal, lura como ponto de abrigo, como local
seguro, onde nos sentimos bem e sabemos que somos bem-vindos. É
essencialmente isso que queremos, que todos se sintam bem vindos, e
que descubram aqui, em qualquer uma das nossas valências um ponto de
apoio, de segurança e de crescimento pessoal.
É
neste âmbito que surgem as visitas sénior, as visitas família e
agora a Asinoterapia e a parceria com a APATRIS 21, no sentido que
colaborar/facilitar a integração social e profissional de seres
humanos excecionais.
E o
que é isto da Asinoterapia?
Simples,
é terapia com Burros.
Muitos
me perguntam:
-
“Usas os burros para ajudar pessoas?”
Não,
não é bem isso, eu não uso
os burros. Eu trabalho com eles e
eles trabalham comigo de modo a juntos podermos ajudar os nossos
pacientes.
Trabalhamos
em conjunto para que os nossos pacientes possam sentir-se seguros e,
num ambiente de harmonia, calma e amor, possam aprender a reconhecer
emoções, desbloquear sentimentos ou medos, ganhar ou aumentar a
auto-estima e auto-confiança, desenvolver e acreditar em todas as
suas capacidades.
Outra
pergunta frequente porque tenho dois Burros:
-
“Como escolhes com que burro vais trabalhar?”
Não
sou eu que escolho, o burro e o paciente escolhem-se mutuamente.
Muitas
vezes é instantâneo, o paciente apaixona-se por um deles, outras
vezes demora algumas sessões em que vamos conhecendo os dois, até
que numa sessão a escolha acontece naturalmente. E, se não
acontecer, é porque não é para acontecer e teremos sempre os dois
presentes, será isso que o paciente precisa...
- E
os animais não se cansam? Não sofrem com a exposição aos
problemas e dificuldades dos paciente?
Como
devem calcular o bem estar dos animais desta quinta é uma prioridade
para nós!
Elaborámos
e vamos melhorando constantemente um guia de boas práticas com os
Burros e de cuidados com todos os animais exatamente com o objetivo
de garantir o bem-estar de todos os utentes e membros desta Quinta.
Quanto
aos Burros doutores, as sessões de terapia têm um limite de tempo
bem definido e depois de cada sessão há sempre uma “compensação”:
a possibilidade de pastar ao ar livre, ou enriquecimento ambiental no
seu espaço, ou simplesmente um miminho culinário...
- E
quando os Burros se assustam, não dão coices? São animais muito
grandes, não há o risco de pisarem ou magoarem o paciente?
Amigos,
riscos há sempre, mesmo quando vamos ao psicólogo podemos sair da
consulta magoados.
Mas
como devem calcular, não estamos a brincar, tal como existe um guia
de boas práticas para o bem estar dos animais, também existe um
conjunto de regras básicas de segurança para garantir que todas as
terapias ocorrem da melhor forma possível.
Agora
que já respondi a maior parte das questões que é natural que
surjam, não posso deixar de vos falar daquilo que mais me faz gostar
e acreditar neste trabalho conjunto com os Burros – a capacidade
que estes seres lindos têm de se ligar, entregar e ajudar o próximo.
A
coisa que mais gozo me dá neste trabalho é ver a ligação afetiva
que naturalmente se gera entre Burro e Paciente (nem falo na relação
afetiva que eu tenho com eles, que isso dava para livro completo) –
este vinculo animal-pessoa é o elemento chave de todo o processo
terapêutico e é mesmo o mais bonito!
O
Burro não julga, não responde, não mal trata, apenas reconhece
quem o trata bem, gosta e cuida.
Tudo
o que o Burro recebe vai querer retribuir e essa retribuição
acontece das formas mais inesperadas, para vos dar um exemplo
simples, trabalhando com uma criança pequena, um dia ao sentir que a
criança tinha dificuldade em alcançar o topo do pescoço para
apertar o cabresto, o burro simplesmente baixou a
cabeça e permitiu que a criança fizesse tudo numa altura
confortável, digam lá, é bonito ou não é?
Temos
orgulho no que fazemos e fazemo-lo com gosto.
Por
isso somos felizes e isso transmite-se a cada um dos nossos
visitantes.